Casos de agressão sexual em cruzeiros nos EUA dobram em cinco anos
‘Há uma sensação de que quando você está em um navio de cruzeiro, você tem mais chances de escapar impune de atos ruins no mar do que em terra’, diz advogado
Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 20:32
As queixas de agressão sexual em navios de cruzeiro que partem dos EUA ou passam pelo país duplicaram em cinco anos, com 131 agressões sexuais relatadas a bordo de navios em 2023, segundo dados do FBI (polícia federal dos EUA). As informações são do jornal Extra.
Do total, 79 casos foram de estupro. De acordo com autoridades, os números explodiram graças ao aumento da popularidade das viagens de cruzeiro, especialmente após o fim das restrições da pandemia de Covid-19, e farta disponibilidade de álcool a bordo. A maior parte dos abusos seria cometida por funcionários da empresas que operam os navios.
“Tornou-se conhecido pelos predadores sexuais que os navios de cruzeiro são um bom lugar para escapar impune de coisas ruins”, disse o advogado marítimo de Miami (Flórida, EUA), Mike Winkleman, ao “NY Post”. “Há uma sensação de que quando você está em um navio de cruzeiro, você tem mais chances de escapar impune de atos ruins no mar do que em terra”, acrescentou.
O último caso de repercussão de abuso marítimo ocorreu na semana passada. Duas mulheres de Kentucky alegaram ter sido drogadas e agredidas sexualmente durante um cruzeiro de férias nas Bahamas.
De acordo com as vítimas, o estupro ocorreu quando elas faziam uma excursão terrestre. Ela relataram que as suas bebidas foram adulteradas por garçons. Como elas estavam fora do navio naquele momento, a Polícia Real das Bahamas está cuidando do caso.
As passageiras também criticam a Carnival, responsável pelo transatlântico, por não divulgar um alerta do Departamento de Estado dos EUA, que havia citado preocupações de segurança em Bahamas.
Todas as empresas que operam cruzeiros dentro e fora dos portos dos EUA devem apresentar relatórios de incidentes graves ao FBI sobre agressões, mortes suspeitas, pessoas desaparecidas, roubos de itens com valor superior a 10 mil dólares e crimes relacionados com sexo que acontecem a bordo.
Não está claro quantos dos casos relatados à agência em 2023 levaram a detenções, mas o número representa um aumento acentuado em relação às 77 agressões sexuais relatadas em 2018. As violações não foram relatadas separadamente de outras agressões sexuais nos dados anteriores.
Em mais de uma dúzia de ações judiciais analisadas pelo “NY Post, movidas no tribunal federal de Miami no ano passado, o álcool desempenhou um papel importante em quase todos os casos. Os pacotes de bebidas à vontade a bordo de alguns navios de cruzeiro custam a partir de US$ 60 (cerca de R$ 300) por passageiro, por dia.