Pressionado, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou que está “se afastando” do cargo, após a divulgação de um relatório da Procuradoria do estado que concluiu que ele assediou sexualmente 11 mulheres. Cuomo, do Partido Democrata, vinha resistindo aos diversos pedidos para que renunciasse e enfrentava um processo de impeachment na Assembleia estadual, na qual a bancada democrata, majoritária, afirmou ter perdido a confiança em sua capacidade de governar.
Ele negou repetidamente as acusações, mas nesta terça-feira pediu desculpas às mulheres que disse ter “realmente ofendido”. Depois que o relatório estadual foi divulgado, o presidente Joe Biden, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e mais de dois terços dos senadores do estado de Nova York pediam sua renúncia.
Para publicar o relatório contundente, de 168 páginas, os investigadores ouviram 179 pessoas nos últimos cinco meses, incluindo mulheres que denunciaram Cuomo e funcionários e ex-funcionários do governo. Segundo a procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, foi descoberto um “local de trabalho tóxico”, no qual Cuomo assediou sexualmente um total de 11 mulheres, muitas delas jovens, com “apalpadelas indesejadas, beijos, abraços e comentários inadequados”.
O relatório mostrou ainda como Cuomo e sua equipe retaliaram ao menos uma pessoa por reclamar da conduta do governador por ter vazado seus registros confidenciais trabalhistas para a imprensa.
No domingo, Melissa DeRosa, assessora-chefe do governador havia anunciado sua renúncia ao cargo, horas antes da Comissão de Justiça da Assembleia estadual se reunir para debater procedimentos de impeachment contra o democrata. DeRosa, braço direito e uma das principais estrategistas de Cuomo, afirmou que trabalhar para o povo de Nova York “foi a maior honra” de sua vida e não citou as acusações direcionadas ao chefe:
“Pessoalmente, os últimos dois anos foram emocional e mentalmente difíceis. Sempre serei grata pela oportunidade de ter trabalhado com colegas tão talentosos em nome de nosso estado”, ressaltou ela, que ocupava o cargo desde 2017. Antes, havia sido diretora de comunicações e chefe de Gabinete do governador.
Elevado à posição de liderança nacional durante a pandemia do novo coronavírus, que chegou a lhe render um Emmy, principal prêmio da TV americana, por seus briefings diários, Andrew Cuomo, hoje em seu terceiro mandato, se vê diante de uma série de crises que dificilmente serão superadas sem deixar marcas em sua carreira política.
Divorciado e pai de três filhas adultas, ele é filho de Mario Cuomo, já morto, que também governou o estado de Nova York por três mandatos.