Um alegado confronto entre policiais militares e suspeitos de envolvimento na morte de dois PMs em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, terminou com três ciganos mortos na tarde dessa quarta-feira (28), na zona rural do município de Anagé, na mesma região.
Os dois PMs foram mortos por um grupo de ciganos na manhã do dia 13 de julho, no distrito de José Gonçalves, em Conquista. O tenente Luciano Libarino Neves, 34 anos, e o soldado Robson Brito de Matos, 30, estavam à paisana, realizando um levantamento de crimes de roubos ocorridos naquela área, quando foram surpreendidos e executados por criminosos, que fugiram em seguida.
Durante as buscas feitas pela polícia, três ciganos já tinham sido mortos em confrontos (um em Conquista e outros dois em Itiruçu). De acordo com informações policiais, três envolvidos nas mortes dos PMs seguem foragidos.
O CORREIO procurou as assessorias da Polícia Militar e da Secretaria da Segurança Pública (SSP) para comentar as mortes desta quarta, mas ainda não houve retorno. Segundo o site Giro Ipiaú, a 79ª CIPM informou que vai divulgar nas próximas horas mais detalhes da ação policial.
‘Caçada e matança’ generalizada
Desde a morte dos policiais, muitas ciganos têm denunciado que estão sendo vítimas de excessos que teriam sido cometidos por PMs. No dia 14, um adolescente de 13 anos foi morto em uma farmácia. Ele era irmão dos suspeitos e havia testemunhado o crime. Já no último domingo (18), o empresário Diego Santos Souza, 29 anos, morreu na mesma localidade. Ele foi encontrado dentro de um carro carbonizado. Comunidades da região afirmam que ele teria sido morto por ter sido confundido com um cigano, mas a polícia investiga as hipóteses de acidente ou homicídio.
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Em uma nota pública divulgada na semana passada, mais de 100 entidades, pesquisadores e ativistas dos direitos humanos denunciam o que chamaram de “verdadeira caçada e matança” das famílias da região pertencentes à etnia. Segundo o documento, além dos ciganos suspeitos de envolvimento na morte dos PMs, ao menos 15 pessoas foram baleadas. Vídeos que circulam entre as comunidades mostram casas e carros que seriam de propriedade de ciganos sendo queimadas e destruídas.
“No Brasil, não existe pena de morte. Uma comunidade inteira sofrer e morrer por atos que devem ser encaminhados para as instâncias jurídicas evidencia a violência, o despreparo e as injustiças cometidas pela Polícia Militar da Bahia”, dizem. Na nota, o grupo pede que o governo da Bahia e entidades como Ministério Público do Estado (MP-BA) e o Ministério Público Federal (MPF) façam uma intervenção pelo fim dos atentados.
No final de semana, o CORREIO publicou reportagem que mostra a situação de pessoas que temem ser mortas simplesmente por serem da etnia. Clique aqui para ler.
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