Prefeito de Betim, em entrevista exclusiva, projetou recuo da pandemia em setembro, citou que 1/3 da população da cidade já recebeu uma dose de imunizante e voltou a criticar distribuição executada pelo Estado
Ao comentar a vacinação contra Covid-19, o prefeito de Betim, Vittorio Medioli (PSD), em entrevista exclusiva, nesta quarta-feira (14), ao Café com Política, quadro do programa Super N, da rádio Super 91,7 FM, criticou a forma de distribuição de imunizantes pelo Estado e também ressaltou a importância da aplicação das doses para que os dias mais normais voltem a ser uma realidade: segundo ele acredita, em setembro já deve haver um recuo maior da pandemia.
“Em Betim, todos os grupos do PNI (Programa Nacional de Imunizações) estão sendo contemplados. Começamos a vacinação de industriários e a previsão, até o fim desta semana, é vacinar 16 mil dos 50 mil industriários que temos cadastrados. A vacina muda e muda muito o comportamento da Covid, porque um povo vacinado não pega ou pega muito menos ou (quem pega) não vai agravar o estado de saúde. Temos casos de pessoas com mais de 80 anos, que estavam com primeira dose de Astrazeneca, pegaram Covid e, apesar de terem aí algumas comorbidades, conseguiram passar pelo contágio”, exemplificou o prefeito.
Dessa forma, Medioli frisou que a vacina ‘faz a diferença’, independentemente de qual seja “As pessoas que fogem da vacina, que têm medo de tomar, estão cometendo um erro porque a vacina não faz mal: faz muito bem e preserva vidas”, refletiu. Ele lembrou que já tomou as duas doses de imunizante Coronavac em abril, quando sua faixa etária (70 anos) foi contemplada em Betim. “Eu tomei Coronavac e voltaria a tomar, porque era a que tinha disponível. Isso de escolher (o imunizante), num serviço público, não tem como”, comentou. Em Betim, segundo o prefeito, a primeira dose do imunizante já contemplou mais de 1/3 da população. Até o fim de semana, a expectativa é que cerca de 170 a 180 mil pessoas tenham se vacinado na cidade.
Em seguida, o prefeito de Betim projetou dias mais normais com o avanço da vacinação. “A pandemia terá um forte recuo no mês de agosto e setembro, face a imunização da população. Agora, está chegando um volume maior (de doses), e alguns municípios aprenderam a acelerar a aplicação das vacinas. Então, provavelmente em setembro, teremos retorno bem próximo da normalidade, mas teremos que manter normas de precaução e sanitárias ainda por muito tempo, provavelmente por pelo menos mais dois anos. Algum cuidado teremos que continuar a manter”, refletiu.
Em um momento da entrevista exclusiva, Medioli voltou a criticar a forma como o governo do Estado conduziu a distribuição das doses de vacina, prejudicando diversos municípios, incluindo Betim. “A distribuição de vacinas foi altamente prejudicada por um erro cometido na proporcionalidade. Não respeitaram o critério populacional, adotaram outros que não são corretos e aí praticamente descarregaram dentro de Belo Horizonte um volume absurdo de vacinas, muito acima daquilo que é a proporção populacional, e tiraram do resto do Estado. Então, Norte de Minas Gerais, por exemplo, não foi quase nada (de remessa de doses), determinados municípios da região metropolitana de BH, também receberam muito pouco. Daí BH acelerou sua vacinação. Nós reclamamos muito porque não havia transparência na fórmula adotada para distribuir vacina. Houve um movimento veemente contra o Estado para que ele abrisse as contas. E, quando abriu, estava tudo errado. Empurram a culpa para o governo federal, para os municípios, enquanto a culpa era do Estado, da Secretário de Estado de Saúde, que não tem técnico para fazer uma distribuição logística. Pode ter técnico de saúde, mas não sabe como se distribui e como se planilha e projeta uma distribuição. Agora, estão corrigindo, mas houve 4 ou 5 meses que muitos municípios foram prejudicados em favor de BH e de Juiz de Fora”, comentou.
Segundo ele explicou, a falha teve início já no uso de parâmetros equivocados. “A distribuição era feita baseada na aplicação de vacinação contra a gripe. Essas duas cidades (BH e Juiz de Fora), vacinaram muito mais que as outras pelo SUS. Betim vacinou mais (contra a gripe em 2020) que Belo Horizonte, mas não pelo SUS, porque Fiat, Petrobras, muitas empresas compram e vacinam para não esperar. Em BH, não. Todo sistema é público, então foi vacinado muito mais em 2020 em BH que em Betim via sus. E daí adotaram esse parâmetro. Covid é uma doença muito contagiosa, não é uma gripe qualquer. Deveriam ter sido distribuídas (as doses) de maneira proporcional”, frisou.
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