Seja pela emoção de ter um carro com uma cor marcante e vibrante, ou pelo fato da pintura ter um tom mais sóbrio, que facilite a manutenção e seja mais comercial no momento da revenda, uma boa escolha é muito importante. Mas além de ter que decidir entre a racionalidade e o aspiracional, o consumidor ainda se depara com os tipos de pintura.
São basicamente quatro tipos de cobertura para a carroceria: sólido, metálico, perolizado e especial. Mas optar por uma delas vai além de uma questão estética. É preciso desembolsar mais para ter mais brilho, maior resistência ou ainda ter uma cor exclusiva.
Para ter na sua garagem uma Fiat Strada, picape que lidera os emplacamentos de automóveis e comerciais leves na Bahia, o cliente só tem uma opção que não aumente o preço do carro ao escolher a cor, a Preto Vulcano. Essa cobertura é sólida, assim como a Vermelho Montecarlo e a Branco Banchisa, no entanto, para levar o veículo nessas últimas cores é preciso desembolsar mais R$ 900.
A pintura perolizada deixa a Fiat Strada R$ 2.500 mais cara (Foto: Stellantis) |
Há ainda duas opções metálicas (prata e cinza), que custam R$ 2.300 a mais, e uma perolizada, que se escolhida aumenta o preço do utilitário em R$ 2.500.
Conversei com Ricardo Vettorazzi, gerente técnico do laboratório de Repintura Automotiva da PPG, que explicou a diferença das composições:
“A pintura sólida, também conhecida como pintura de cor lisa, tem em sua composição apenas o pigmento de cor. Ela não conta com partículas de efeito, por isso é vista da mesma maneira, independente do ângulo de observação. Já a pintura metálica, que é mais comum no mercado brasileiro, contém partícula de alumínio como pigmento principal de efeito – como é o caso da cor prata. Nesse caso, as cores tendem a ter uma pequena mudança de tonalidade quando mudamos o ângulo de observação”.
A pintura perolizada, segundo o especialista, leva em sua composição os pigmentos de partículas de efeito chamados genericamente de ‘pérolas’. “Na verdade, são constituídos de mica natural ou sintética (podendo ser envolvidos por uma fina camada de dióxido de titânio e óxidos metálicos, que conferem o efeito perolado na superfície). Nesse caso, as cores apresentam uma mudança de tonalidade quando observadas de diferentes ângulos. Atualmente, muitos carros recebem uma camada colorida lisa como primeira pintura, seguida de uma camada perolizada para compor um efeito mais atraente, com uma técnica de pintura chamada tricoat. É o caso dos brancos perolizados da maioria dos carros do mercado”.
Antes de ser pintada, a carroceria recebe um tratamento anticorrosão (Foto: Audi) |
Dessa forma, a cobrança extra da Fiat pelo Vermelho Montecarlo e a Branco Banchisa não tem justificativa, uma vez que o Preto Vulcano utiliza o mesmo processo e não tem custo maior. É somente um posicionamento de mercado, cobrando mais do cliente que busca uma diferenciação. Prova disso é que para a picape Toro, que é maior que a Strada, o preço da pintura metálica e perolizada é de R$ 2.500, mesmo gastando mais tinta.
Pelo preço de um carro
Quando a exclusividade está envolvida e o orçamento não é problema, o custo do carro pode aumentar em até R$ 48 mil, ou o preço de um Renault Kwid, por exemplo. Esse é o valor que a BMW cobra a mais pela pintura individual Pure Metal Silver, a mais distinta disponível no catálogo do fabricante alemão. Sua textura sedosa e alto brilho metálico refletem a luz mais intensamente do que qualquer outra cor.
“A responsável por este brilho metálico exclusivo é a combinação de um pigmento de efeito especial com um sistema de pintura à base de água. Centenas de milhares de flocos de alumínio ultrafinos garantem uma superfície uniforme e brilhante. Pintar um veículo com esta cor é extremamente delicado e requer muito trabalho manual detalhado”, assim a BMW define a Pure Metal Silver.
A pintura especial Pure Metal Silver custa R$ 48 mil (Foto: BMW) |
E o processo de execução é complexo: após a preparação da pintura, o chassi é examinado cuidadosamente e quaisquer elementos irregulares são alisados à mão. O chassi precisa de uma superfície brilhante e lisa, utilizando um revestimento base Glacier Silver Metal. Mais uma verificação de superfície é concluída antes da aplicação do revestimento final. Finalmente, depois da limpeza do veículo com ar comprimido, o Pure Metal Silver é aplicado.
Além dos pigmentos na pintura, existem também outras maneiras de promover a diferenciação, como a utilização de vernizes especiais de acabamentos fosco e semi brilho, por exemplo, que proporcionam efeitos do acetinado ao fosco total. Há também vernizes glamour, que conferem o aspecto de brilho profundo para as pinturas.
Durante o processo de pintura é preciso evitar a poeira (Foto: BMW) |
No entanto, para o Série 3, um dos modelos mais populares da marca, a pintura metálica custa R$ 2.200. Ou seja, valor menor do que a Fiat cobra na Strada.
Que cor eu escolho?
Algumas cores empolgam à primeira vista. Mas é preciso imaginar como seria conviver com o veículo por três anos, por exemplo. Mas se sempre foi seu sonho ter um carro vermelho, por que não realizar? Ter um carro e optar por uma cor apenas por ela ser comercial na revenda é frustrante.
No entanto, se você estiver comprando uma picape, é importante refletir sobre outros aspectos. O uso periódico da caçamba pode ocasionar riscos e arranhões, pelas situações de carga e descarga do compartimento. É possível usar proteções, mas o indicado é não comprar um carro preto para esse tipo de utilização.
De modo geral, a cor a ser evitada em qualquer veículo é a com pintura sólida. Por ser mais simples, é normal que ela desgaste mais rápido. Em Salvador há muito sol e muita chuva, o que pode acelerar esse processo.
Como preservar a tinta
• Lave o veículo sempre à sombra, utilizando produtos automotivos específicos;
• Use um sabão de pH neutro para evitar manchas e desgastes na pintura;
• Lave imediatamente e com água qualquer excremento de pássaro ou seiva de árvore que tenha caído sobre a pintura do veículo;
• Nunca utilize gasolina, álcool ou outros solventes na superfície pintada;
• Evite, sempre que possível, estacionar em locais expostos a intempéries e resíduos industriais;
• Em veículos repintados, evite a lavagem automática nos primeiros 30 dias após a repintura e não aplique cera nos primeiros 90 dias.
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