Ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução
Investidores em fuga lembram um bonde
Um dos muitos efeitos do governo Bolsonaro na economia brasileira é a queda acentuada de investimentos estrangeiros no Brasil neste primeiro trimestre.
Isso, na contramão do crescimento de US$ 114 bilhões para países emergentes no mesmo período e pelas mãos dos mesmos investidores.
Toda vez que o presidente deixa clara sua intenção de melar as eleições do ano que vem diante da muito possível hipótese de derrota, uma penca desses ricaços toma o bonde para longe daqui.
Ah, o bonde!
No romance do dramaturgo americano Tennessee Williams, da segunda metade dos anos de 1940, uma linda e sofrida mulher volta para a casa da irmã por não ter mais para onde ir, mas se defronta com a brutal oposição do cunhado.
A obra consagrada é “Um Bonde chamado desejo”, sucesso no cinema e no teatro.
No caso do sofrido povo brasileiro, a oposição maior não é de um cunhado, mas de um governo que não é pai, irmão ou mesmo um tio, mas um padrasto, raivoso, ciumento e belicoso.
A política externa brasileira, ao lado da ambiental, de segurança, sanitária, educacional e econômica não é um convite, é quase uma ação de despejo para quem deseja colocar dinheiro no país.
O cunhado deste enredo é Jair Bolsonaro e ele nem gosta da família que o elegeu com exuberância de votos em relação ao segundo colocado.
O cunhado não é parente, mas pode administrar a fortuna da mulher. E se bobear pode ser tão malvado com os filhos dos outros como aquele tal Doutor Jairinho.
Na verdade, esse padrasto em questão só gosta dos filhos biológicos. E dos bajuladores incondicionais, dispostos a emporcalhar a própria biografia em troca de um lugarzinho na ‘famiglia’.
A decadência de relações sociais retratadas em obras épicas do século XX é sempre um tema recorrente da política quando as instituições fragilizadas abrem flancos para o golpismo de populistas de vocação autoritária.
Se os EUA enfrentaram uma situação de golpismo com Trump, no berço do capitalismo mundial, a família brasileira repleta de parentes oportunistas tem tudo a temer.
Dessa parentela em situação de desigualdade, há aqueles que comem várias vezes por dia, com direito à sobremesa, e os que passam fome sem direito até de reclamar.
E isso só dá confusão e afasta as visitas.