Os morcegos desempenham um papel crucial no controle de insetos e na ecologia, mas também têm sido associados à transmissão de doenças infecciosas. Um grupo de pesquisa do Institut Pasteur de São Paulo (IPSP) está investigando os vírus presentes em morcegos da Mata Atlântica para entender melhor seu potencial de contaminação em mamíferos e humanos.
Com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Institut Pasteur de Paris, o projeto liderado pelo pesquisador Luiz Gustavo Góes tem a duração de quatro anos e está sediado na Universidade de São Paulo. A escolha dos morcegos como foco da pesquisa se deve ao histórico desses animais na transmissão de vírus que podem infectar humanos.
Desde o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2002, ligado a vírus de origem em morcegos, a comunidade científica tem se dedicado a investigar essa interação entre morcegos e doenças infecciosas. Apesar de o vírus responsável pela pandemia de 2020, o Sars-Cov-2, não ter sido comprovadamente ligado aos morcegos, a pesquisa destaca a importância de compreender essa relação sem estigmatizar esses animais.
Os morcegos desempenham funções essenciais na natureza, como o controle de insetos, polinização de plantas e dispersão de sementes. No entanto, sua relação com agentes infecciosos que podem afetar humanos requer um estudo mais aprofundado.
A pesquisa se concentrará em quatro grupos principais de vírus: coronavírus, hantavírus, arenavírus e paramixovírus. O objetivo é investigar a presença e a diversidade desses vírus nos morcegos da Mata Atlântica. Para isso, serão feitas coletas em diferentes áreas florestais e em parceria com centros de controle de zoonoses.
As amostras coletadas serão analisadas geneticamente e comparadas com dados existentes para identificar novos vírus e avaliar seu potencial de contaminação em humanos e outros animais. O estudo visa a compreender o potencial zoonótico desses agentes e avaliar o risco de emergência de novas doenças.
A Mata Atlântica, com sua grande diversidade de espécies de morcegos, representa um ambiente propício para o surgimento de doenças emergentes. A pesquisa busca preencher essa lacuna de conhecimento e contribuir para a prevenção de futuras epidemias. É fundamental entender a ecologia e a interação desses animais com os vírus para melhorar a vigilância e o controle de doenças infecciosas.